segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Imigração alemã – influência no real e imaginário

São muitas a histórias que ficaram da colonização e que continuam sendo transmitidas principalmente pela tradição oral nas famílias.
Uma das personagens mais conhecidas é a alemã Martha Wolkart, figura mitologica que, no início do século passado, oscilando entre atos de bondade e tirania, protegia e aterrorizava a população local com seu bando de jagunços.

Dona Martha cuidava por um lado dos mais necessitados, enquanto ordenava assassinatos, oprimindo qualquer dissidência e dominando por completo a vida pública e econômica local através do medo.

Uma figura de destaque é Roberto Kautsky, pesquisador de renome internacional e profundo conhecedor da Mata Atlântica.
Sua pesquisa contribuiu para o descobrimento de mais de 130 novos gêneros de bromélias, entre outras plantas e animais.
A fábrica de chocolates Garoto também é produto de um imigrante alemão mais recente, Helmut Meyerfreund, que em 1929 começou sozinho com a fabricação de balas e bombons.

"Ik bin pommer" – a revalorização das raízes

O isolamento em que viviam os pomeranos, seja por vontade própria ou por força das circunstâncias, contribuiu não só para a sobrevivência das tradições e do dialeto. A falta de contato também contribuiu para o surgimento de especulações sobre os pomeranos, gerando algumas vezes desinformação prejudicial à comunidade.

O trabalho na lavoura em áreas desmatadas com pouca sombra, o uso de agrotóxicos e a exposição diária ao sol intenso causaram entre os descendentes um câncer de pele, o "câncer ecológico", que provocou mutilação e morte entre os pomeranos, fato que se tornou conhecido até internacionalmente. Uma iniciativa da Igreja Luterana e da Universidade Federal do Espírito Santo criou há 15 anos um programa de tratamento e prevenção que ajudou a resgatar a auto-estima local, abalada pela doença e sua repercussão na mídia.

Hoje, os descendentes dos colonos estão presentes em todas as esferas político-administrativas e intelectuais da região. A nova geração está cada vez mais consciente da necessidade de manutenção e valorização de uma identidade própria, viva e atual, portanto em transformação.

Além das famosas e inúmeras festas promovidas pelas cidades, com temas diversos, normalmente ligados à agricultura, existem uma rádio e um jornal pomeranos e já foi lançado um CD de rock pomerano e outro de concertina. Os grupos de música e dança folclóricas foram pioneiros nesse processo de revitalização. Entre os grupos musicais merecem destaque os Pomeranos de Melgaço, o Isarbohn de
Laranja da Terra, a dupla de paródias Rodolfo e Fredolin de Vila Valério, além do grande número de tocadores de concertina, o principal instrumento pomerano.

"Pomerod" – língua dominante



Ignorados pelo poder público, sem acesso ao ensino do português, comunicando-se raramente com pessoas de fora da colônia e dependendo quase que exclusivamente da iniciativa das igrejas para a educação de seus filhos, os colonos não tiveram outra possibilidade senão continuar a falar seus dialetos. Se a princípio os diversos grupos alemães falavam cada qual seu dialeto particular, com o passar do tempo, o "pomerod", dialeto pomerano comum, acabou prevalecendo.